sábado, 29 de janeiro de 2011

Aniversário

30/01/2011, mais um marco temporal arbitrário para a humanidade, para mim o fim de um e o início de mais um ciclo.
Não costumo comemorar essa data. Quando era mais jovem esta sempre em férias da escola e meus coleguinhas estavam sempre longe. Acho que foram duas ou três festas, todas com quorum modesto. A família geralmente esteve perto. Um deles passei no Planeta Atlântida, uma bobajada que faz sentido aos 15 anos. O último foi num acampamento com um de meus melhores amigos num momento de euforia e descoberta de novos horizontes. A maioria foi em casa mesmo, nó máximo com uma tortinha sem muitas velas.
Já passa quase uma hora de meu aniversário e não consigo festejá-lo. Escolhi passar este fim de semana na praia com meus pais. Na verdade queria estar na cidade natal com o máximo de amigos por perto. Forças diversas fizeram minha companheira e todos os meus amigos ficarem longe. A inércia e a acomodação me trouxeram num ônibus sem ar condicionado.
É uma posição ingrata para comemorações. Já fiz tanta festa por motivo nenhum e isso soa tão estranho. Sempre reclamei baixinho das festas vazias. O último natal e ano novo foram bem comemorados e me fizeram jurar dar importância a estas datas “grandes”. Sinto que o certo seria estar em algum lugar do caralho com bebida barata, gente doida, meninas bonitas e companheiros de fé, mas ao mesmo tempo sinto que isso seria um tanto vazio e repetitivo.
Não me sinto bem aqui e agora. Nesses momentos permanecem as pessoas que realmente são importantes.
Há de fato algo para comemorar? A morte dando mais um passo a frente? Minha juventude escorrendo por entre os dedos? Oba!! Mais barriga e responsabilidade; menos músculos, menos cérebro e menos liberdade!
Fazer aniversário é tão contraditório quanto se formar. É um momento do indivíduo, do eu, outras pessoas não tem muito o que festejar com isso. Na verdade acho que no fundo os convidados pensam um misto de “Bem feito, tá ficando velhinho”, “Ufa, não fui só eu que passei por essa”.
Me atraso todos os dias para tudo. Sempre reclamei disso. No fundo é o nobre sentimento de que estou gostando do agora e quero adiar um pouco o amanha. Mas o aniversário é sempre pontual. Se pudesse adiar mais alguns meses meus 21 anos...
Nestes últimos anos ando fazendo tanto coisa, ando me preocupando muito e relaxando pouco assumindo a cada dia mais compromissos, me sentindo culpado por cada vez menos. Queria só dar um tempo, uma diluída em toda essa coisa urgente. Queria continuar com 20 mais um pouquinho. Deveria haver um bônus, um bis em cada ano para botarmos as barbas de molho e pensarmos, diluirmos a vida.
Prefiro só não dar bola para a idade. Não comemorar parece trazer menos responsabilidades; só deixar a vida rolar, rir do relógio, seguir em frente no meu ritmo.