sábado, 21 de abril de 2012

Conceitos de Dicionário, parte 1


Intimidade é exatamente o contrario de formalidade?
Achava muito estranho chamar meu psiquiatra de doutor, nunca chamei meu pai de senhor.
A palavra “frescura” tem a ver com “adequado”, talvez a frescura seja mesmo adequada de certa forma, ou talvez prezar para que as coisas aconteçam adequadamente seja uma frescura, já que vão acontecer de qualquer forma.
Abandono do desnecessário, dos enfeites, das rimas;  ir reto rápido direto ao ponto. Camisetas brancas sem estampa ao invés de golas pólo com bordados. Livros com muito texto e pouco espaço em branco ou imagens. Pensamentos simples curtos e profundos. O relógio não permite frescuras.O tempo é o senhor de tudo, logo frescuras são inadequadas, adequação é inadequado.
A corrida em busca da eficiência cria paradoxalmente a burocracia. Claro que a falta de honestidade e caráter das pessoas aliada à impessoalidade de nosso mundo inchado demais de pessoas, contribuem para isso. Homem primata, capitalismo selvagem, burocracia adequada.

Medo, solidão e carência são praticamente o mesmo sentimento; fica aquela angustia, aquela coisa faltando, algo incomodando. Falta o chão de um porto seguro embaixo de nossos pés, seguimos um caminho tortuoso cabisbaixos e indecisos, com o constante receio de que o próximo passo será em falso.

Vergonha é o simples ato de admitir o que somos para nós mesmos e negar e tentar esconder isso para os que estão a nossa volta. É um conflito selvagem e silencioso de opiniões que não tem outro antídoto senão o tempo. 

Android da geração Facebook


Sempre, inutilmente, meu intelecto se debate para manter-se conectado a uma humanidade desconexa.

Fico nauseado com o giro da ampulheta.

Perco as conexões facilmente e procuro rede, conselho, ajuda, atenção, Wi-fi, bluethoot.

Processamento lento, idéias grandiosas demais, emoções pesadas demais, planos complexos demais.

Erros freqüentes, avisos insensíveis, sinalizações agressivas, publicações constrangedoras.

Pirataria nas ondas eletromagnéticas. Invasões bárbaras de privacidade.  Mal-estar, vírus.

Sempre sobrecarregado, procurando tempo, entediado, angustiado. Disco rígido demais e cheio de coisas vazias.

Bateria fraca. Plugo na tomada e durmo. Ainda descubro quantos Watts de potência tenho...

Efêmero, urgente, sintético. Oportunidades imperdíveis passam voando a todo o momento.

Descartável. Sem conserto. Lixo.

Altamente estimulante, ansiogênico, aditivo e extenuante.

Confuso, desfocado, perdido na rede. 24h por dia no ar.

Individual distância abissal.

Touch na tela dura e fria.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Frustração

Escolha errada; falta de comunicação comigo mesmo.
A cada volta da vida mais fechado dentro de mim mesmo, enrolado nos meus velhos vícios, preso ao passado e aos erros cometidos. Amadurecer?
Concentro-me em recalcular a rota constantemente, abominar e inutilmente desviar do mal já feito. Precaução?
Não consigo mais misturar-me como antes, é difícil ser eu mesmo espontâneo. Tenho vergonha de meus anseios. Segurança?

Por que não tenho um orgasmo satisfatório, rápido, fácil e intenso com alguém há meses? Aquele tão almejado e precioso momento, motivação de tantas relações fúteis!! Que condições são necessárias? Por que tenho que imaginar sempre uma pessoa diferente da que estou no momento? Vergonha de compratilhar este momento íntimo? Prazer?
Por que não consigo beijar alguém que eu tenha escolhido e conquistado em uma festa há muitas noites? Por que não levo mais nem foras? Carnaval sem carne? Prioridades???
Adotei uma atitude passiva, contemplativa; nem por isso confortável ou paciente. Involuntário?

Horas e horas olhando rostos na festa e no facebook. Analisando a situação. Tentando escolher alguém perfeito que não existe. Buscando o caminho mais curto para o prazer intenso e imediato. Tomando atitudes medíocres.
Poucos amigos, muitos conhecidos distantes.
Quase nenhuma parceria para nada.
Solidão.
Espiral infinita que afunda. Lama.
Dificuldades em simplesmente compartilhar os planos da agenda, puxar um papo simples qualquer.
Tolerância baixíssima à frustração, sofrimento exagerado.
Egoísmo patológico.

domingo, 28 de agosto de 2011

Ana e o Mar

São alguns dias, muitos quilômetros e um domingo a noite que trazem a palavra Saudade às entrelinhas da minha vida.
Existe uma criaturinha, moreninha, com um sorriso lindo e um coração enorme do outro lado do Mar que deixou o inverno e o vazio aqui comigo ao sair.
Ela me ajudou a subir na pedra mais alta, para ver a vida de um ângulo bem melhor.
Ela me ensinou que descobrir o verdadeiro Sentido das Coisas, é querer Saber demais.

E ae, Como poderei viver? Sem a tua compania???

Tô pensando em me jogar, de cima da pedra mais alta!!!
É a tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.
Metade de mim, agora é assim, de um lado a poesia, o verbo, a saudade; Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim.

Me atiro do alto e que me atirem no peito, mas da luta não me retiro.
Força temos de sobra e chegaremos no fim com muita energia ainda pra gastarmos juntos.

Ventos franceses sopram fortes e agitam a maré da minha mente e fazem transbordar agua salgada pelas janelas da alma.
Todo sopro que apaga uma chama, Reacende o que for pra ficar.

Você é amizade pratododia. Ja ando pensando no dia do prato.
Cuida-te, quero você inteira e minha metade de volta.

Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Práxis

Intimidade, timidez. Palavras que soam parecido e contrapõem-se totalmente.

Timidez é de se fechar assim escondido, em si mesmo. Esconder os sentimentos, não dividi-los. Encarar os bons e maus momentos sempre na solidão. Inventar a própria liberdade, preso nos velhas idéias fixas. Não dever nada a ninguém, nem um beijinho ou um abraço ou uma cerveja. É morar num JK de uma grande cidade. È escutar música no fone de ouvido. É assistir a um filme sozinho. É sonhar acordado. É cozinhar só para si. É caminhar muito rápido, cansar fácil e não ir muito longe.

Intimidade por sua vez é de deixar um certo alguém invadir a sua personalidade, e bisbilhotá-la por inteiro. É aquilo de se olhar e já entender o ultimo novo drama. É um convite para um almoço ou um para um chimarrão. É uma ligação sem muito assunto. É dividir a dúvida e as contas. Não se resume só a sonhar, mas sim a planejar a realização de um sonho coletivo. È um almoço em família, é uma janta entre amigos. É caminhar mais lentamente e ir muito mais longe.

Timidez rima com mesquinhez.
Intimidade rima com reciprocidade.


Timidez é a teoria.
Intimidade é a práxis.

A pratica pode ser algo como uma relação profissional...

sábado, 29 de janeiro de 2011

Aniversário

30/01/2011, mais um marco temporal arbitrário para a humanidade, para mim o fim de um e o início de mais um ciclo.
Não costumo comemorar essa data. Quando era mais jovem esta sempre em férias da escola e meus coleguinhas estavam sempre longe. Acho que foram duas ou três festas, todas com quorum modesto. A família geralmente esteve perto. Um deles passei no Planeta Atlântida, uma bobajada que faz sentido aos 15 anos. O último foi num acampamento com um de meus melhores amigos num momento de euforia e descoberta de novos horizontes. A maioria foi em casa mesmo, nó máximo com uma tortinha sem muitas velas.
Já passa quase uma hora de meu aniversário e não consigo festejá-lo. Escolhi passar este fim de semana na praia com meus pais. Na verdade queria estar na cidade natal com o máximo de amigos por perto. Forças diversas fizeram minha companheira e todos os meus amigos ficarem longe. A inércia e a acomodação me trouxeram num ônibus sem ar condicionado.
É uma posição ingrata para comemorações. Já fiz tanta festa por motivo nenhum e isso soa tão estranho. Sempre reclamei baixinho das festas vazias. O último natal e ano novo foram bem comemorados e me fizeram jurar dar importância a estas datas “grandes”. Sinto que o certo seria estar em algum lugar do caralho com bebida barata, gente doida, meninas bonitas e companheiros de fé, mas ao mesmo tempo sinto que isso seria um tanto vazio e repetitivo.
Não me sinto bem aqui e agora. Nesses momentos permanecem as pessoas que realmente são importantes.
Há de fato algo para comemorar? A morte dando mais um passo a frente? Minha juventude escorrendo por entre os dedos? Oba!! Mais barriga e responsabilidade; menos músculos, menos cérebro e menos liberdade!
Fazer aniversário é tão contraditório quanto se formar. É um momento do indivíduo, do eu, outras pessoas não tem muito o que festejar com isso. Na verdade acho que no fundo os convidados pensam um misto de “Bem feito, tá ficando velhinho”, “Ufa, não fui só eu que passei por essa”.
Me atraso todos os dias para tudo. Sempre reclamei disso. No fundo é o nobre sentimento de que estou gostando do agora e quero adiar um pouco o amanha. Mas o aniversário é sempre pontual. Se pudesse adiar mais alguns meses meus 21 anos...
Nestes últimos anos ando fazendo tanto coisa, ando me preocupando muito e relaxando pouco assumindo a cada dia mais compromissos, me sentindo culpado por cada vez menos. Queria só dar um tempo, uma diluída em toda essa coisa urgente. Queria continuar com 20 mais um pouquinho. Deveria haver um bônus, um bis em cada ano para botarmos as barbas de molho e pensarmos, diluirmos a vida.
Prefiro só não dar bola para a idade. Não comemorar parece trazer menos responsabilidades; só deixar a vida rolar, rir do relógio, seguir em frente no meu ritmo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Saudade 2

Um abraço faltando, algumas horas sobrando.
Nada mais tem graça, nada mais impressiona.
A única surpresa possível seria ela pulando no meu colo ao dobrar a esquina.
Hoje meus domingos não são mais depressivos.