quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Saudade 2

Um abraço faltando, algumas horas sobrando.
Nada mais tem graça, nada mais impressiona.
A única surpresa possível seria ela pulando no meu colo ao dobrar a esquina.
Hoje meus domingos não são mais depressivos.

Final de expediente

Fico vivendo uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música o tempo todo. Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi. Não é verdade que as pessoas se repitam. O que se repetem são as situações.
18h e sempre batem aquelas perguntinhas tipo “Onde moro?”, “O que é o amor ?”, “Qual o sentido da minha vida?”, “Cadê o botão de viver no automático ?”.

Novos horizontes, admiro a vida com as portas da percepção escancaradas, tirei da cara o óculos escuro de luto.

Isso tem que dar num texto uma hora dessas ...

Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis. Meu coração anda ferido de amar errado.

Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável. Completamente insano, mas extremamente sábio. A loucura é a pura magia. A magia transforma. Só o amor transforma. Amor é loucura. Loucura não existe. A única magia que existe é a nossa incompreensão.
Vai entender?
Quem diria que viver ia dar nisso?

É de uma sinceridade constrangedora:
a vida é feita de encontros, nós estávamos num lugar e numa hora quaisquer,
tu na sarjeta e eu sem rumo
cada um fez o outro de muleta
enquanto tentava por a vida no prumo,
no olho do furacão.

Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar. Tomará Deus, Buda, Alah, Chuck Norris que eu continue te vendo passar assim por mim, nesse clima instável, imprevisível, que nunca tem tempo ruim não importa o tempo.

Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro. Depois de todas as tardes de sol o que fica de nós em nós é somente o desejo por mais e mais tardes de sol juntos.

Se é amor? A duvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza.
Romance é romance, e o lance é o lance. Só obedecemos a Lei da Infinita Highway.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Que seja o que for, mas que seja intenso.

Saudade

Podem me chamar de masoquista, mas sentir saudades é muito bom.
É o ter de verdade, profundamente, sem ter por perto.
É um desprendimento involuntário da coisa material. Desprendimento da carne, do bate papo, dos abraços, mas nunca dos laços. Período de descanso e fortalecimento dos sentimentos mais nobres e bonitos que podemos nutrir por outro ser humano.
No mais das vezes é somente uma questão de geografia.
É o extremo oposto do sentimento de perda. É a uma lacuna. Temos a certeza de que culminará com um abraço nunca antes tão quente e apertado, com um beijo nunca antes tão apaixonado e com palavras lapidadas com todo o capricho e paciência do coração poeta.
É escutar uma música e chorar, e ,logo depois, lembrar do quão bonito é e rir, e chorar, e rir, e chorar, e rir, e escrever, e chorar...
É sentar no sofá, olhar para o nada, pensar em tudo e não ver a hora passar.
Saudade transforma a realidade em magia. Os sonhos imitam a realidade, viram uma detalhada e repetitiva sinopse do momento do reencontro, se tornam o playground dos planos compartilhados. Sentir saudade é necessariamente sonhar acordado.
Saudade é ótimo, mas machuca só pra lembrar que estamos vivos.
Queima e doi, e aquece, e queima...
Lateja, palpita, enlouquece, mas no fim, bem no fim, aquece.