domingo, 29 de março de 2009

Efeito colateral

Aperto no peito,
Confusão,
suor gelado,
Hormônios à flor da pele.

À sombra de um fim de semana vazio,
sob a angustia do que poderia ter sido e não foi,
Sinto o isolamento completo como o meu teórico alivio e meu real veneno,
Sinto uma falta tamanha que não consigo traduzir em palavras.

São anos luz de um vazio amargo e cruel,
que ironicamente eu mesmo escolhi.
Ele me olha e ri, parece dizer: "Estarás sempre errado."
Desdenha de meu sofrimento e dilacera vagarosa e silenciosamente os restos cardíacos daquilo que já pulsou por alguém

Não sei bem o que me faz continuar
mas eu sigo meu caminho.
Se ao menos eu soubesse para onde estou indo...
Se soubesse onde fica o acelerador ou o botão de auto-destruição.

Se houvesse ao menos uma placa no caminho
Uma certeza , mesmo que distante,
Uma garantia infundada que fosse,
meus passos seriam mais firmes.

Sigo o meu caminho no escuro com medo de pisar em falso.
Batendo a cara contra o muro
Sentindo uma dor surreal,
Nauseante de tão cruel.

Mesmo assim,

É melhor manter a cabeça erguida e me perder na ilusãodo que voltar atrás e admitir que estou perdido.Não é questão de orgulho cego e burro,É questão de dignidade.

Tudo de bom e de ruim acontece em um sábado à noite,
E as feridas disso tudo inflamam na ultima hora do domingo à noite e não me deixam dormir.
O desespero de ver o espetáculo da vida sentado passivamente no trono de um apartamento,
Vendo o tempo voar e me deixar para trás, é quase tão cruel quanto o sentimento de impotência inerente a tudo isso.

Ninguém dorme e as olheiras da segunda de manhã denunciam a loucura coletiva.
A alma brigando com o corpo...
Até quando o corpo agüenta?
Dizem que depois do desespero total agüentamos mais 40%

Cruel não?

Quando começa a semana esquecemos quem somos
Nos fantasiamos de algo sensato
Nos agarramos nos nossos problemas e os amamos...
Qualquer porcaria é valida para entreter e nos fazer esquecer...

Admiro muito os mendigos,
São um exemplo de superação psicológica.
Sobrevivem com o mínimo e têm a audácia de se suportarem 24h por dia.

Toda manha passo ao lado de um mendigo.
Nunca conversamos, mas sempre nos encaramos.
Toda a manha parecemos medir a loucura um do outro.
Sempre me olha com uma cara sensata de desaprovação.

Eu baixo a cabeça e sigo o meu caminho, sempre apressado, desejando um dia poder ficar o dia inteiro em atirado sem precisar da mais nada a não ser do chão...
Será que ele deseja o contrário?
Faço bandeira de meus trapos.
Sigo sofrendo e devorando concreto e asfalto.

Solidão é o castigo dos presidiários.
É a realidade dos moradores das grandes cidades.
Cada um no seu quadrado, lamentando as próprias magoas.
Fruto genial de nossa admirável independência e individualização exagerada.

Acabou tudo, gostaria de dizer "melhor assim"
Ainda não posso, e alimento a esperança de que um dia poderei dizê-lo com sinceridade.
Por hora sigo me remoendo e tentando achar as peças de meu coração que caíram pelo caminho
Amanha será segunda, e tudo deverá fazer sentido.

PS: Como será que era acabar o namoro no inicio do século passado sem telefone, orkut ou msn, Sem ter como desabafar imediatamente... O que seriam dos namoros recém terminados sem o orkut??? È o divisor de aguas entre o amor sincero e a solidão total.

Faça o que quiseres mas no filtro solar e no perfil do orkut acredite. Ah e cuide bem dos seus joelhos... Não reze

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