quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Colheita

Deprimido, cansado, entediado
O fracasso está em mim enfim
não à minha volta

O ambiente zomba de mim
as luzes, os olhares, os sorrisos me atordoam
comprovo minha insignificância

Minhas esperanças se transformam em nausea
Meu afeto se equivale a lixo
Minha reputação e auto estima simplesmente não existem

A música com toda sua admiribilidade inerente à toda a arte
me faz desejar ser surdo,
me faz perceber minha falta de sensibilidade

A dança, a graciosidade dos corpos em movimento,
guardam uma espontaneidade e beleza que me fazem parecer patético;
me fazem desejar ser aleijado.

Sou só mais uma ovelhinha branca que não consegue enxergar nada além de grama em meio a um deserto;
que apesar de estar confundida no rebanho, se sente sozinha;
que faz da cerca um paradoxo e entende seu campo por universo.

Grito por socorro à beira do abismo;
busco alento em velhos vicios, que só vêm a reforçar minha mediocridade.
Procuro algo de bom nas ultimas horas e só vejo a lama da auto-destruição.

Velhos problemas, de conhecidas soluções, continuam a incomodar;
ferem meu amor próprio e zombam de minha postura;
relembram minhas limitações, minha bestialidade, minha solidão.

Transformo paz em tédio, Liberdade em indecisão, Coragem em sofrimento, Multidão em isolamento.
A vergonha me acompanha, me desola e silencia.
Me sinto péssimo, com todo o pessimismo aí embutido.

Sou uma alma triste com todo o direito a sê-la
A realidade é dura, machuca. O tempo corrói.
Sigo fazendo bandeira de meus trapos, esperando a hora da colheita.

Sempre acelerando em busca de algo novo:
alienação, epifanias, carpe diem; a cada turno mais voraz e veloz...
O acelerador também é o botão de auto-destruição.

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